A animação brasileira vive um momento de grande expansão. E as maiores beneficiadas são as crianças. Por ter uma linguagem extremamente lúdica, a animação é usada para divertir e ensinar.pensando nisso o Cineclube Budega exibe os 8 curtas inafantil estes curtas proporcionam às crianças o contato com a cultura de diversas partes do Brasil, revelando seus sotaques e costumes. Muita cor, ação, humor, música, poesia, política e amor fazem parte deste programa, que tem personagens inusitados, como um camaleão faminto, uma águia, um brigadeiro – o docinho! (chamado de negrinho pelos gaúchos) –, uma bruxinha baiana, um veado e uma onça, o vento, uma pequena multidão e um bode (que, com muita determinação, consegue salvar uma árvore de ser cortada). Imperdível!
Crítica
Animações que superam as palavras
Neusa Barbosa*
Os oito curtas que será exibido dia 07 de junho no cine clube budega, revelam o alto nível alcançado pela animação brasileira, exibindo uma notável variedade de técnicas e estilos e uma enérgica disposição para abordar temas recorrentes nas histórias infantis sob uma nova roupagem.
Quatro deles elegem animais como personagens. Gilda e Gilberto, de Érica Valle, revisita a velha fábula do patinho feio, usando a técnica dos bonecos de massinha. Criada entre galinhas, a águia Gilda encara seu tamanho grande e olhos salientes como desvantagens até o dia em que assiste ao voo de uma pipa. Mas é a sagacidade do intelectualizado pintinho Gilberto, com seus óculos e amor aos livros, o que realmente estimula a decolagem de Gilda.
O tema da diferença retorna sob uma ótica inteiramente diversa em O veado e a onça, de Raquel Pedreira, cujo enredo parte da releitura de um conto popular brasileiro feita pela escritora Ana Maria Machado. Com cenários, personagens e fantoches de dobraduras de papel criados pela diretora, também artista plástica, o curta é povoado de animais tipicamente brasileiros. O conceito da astúcia como estratégia de sobrevivência na natureza substitui o bom-mocismo que tantas vezes contamina o universo politicamente correto, aqui superado na história de um veado forçado a dividir a casa com uma onça pintada.
Esperteza e teimosia é o que não faltam ao bode protagonista de Bartô, de Luiz Botosso e Thiago Veiga, trabalho que recorre a muito humor e técnica 3D, além de dispensar os diálogos, para elaborar uma engenhosa fábula ecológica. Sérgio Veiga assina a eficiente trilha sonora que embala sem palavras a batalha incansável do bode contra um lenhador obcecado em derrubar a última árvore do planeta – ela mesma dona de um jogo de cintura digno de um ninja.
A mesma persistência, sem a mesma sorte, define outro animal, o astro de Calango!, de Alê Camargo. Resultado de curso de animação em Brasília, o curta faz uso eficiente da técnica 3D e da música (incluindo “Brasileirinho”, de Valdir Azevedo, e “Entardecendo”, do mestre Macaúba) para desenvolver a rocambolesca perseguição de um esfomeado calango praieiro a um grilo bem apegado à própria vida.
Mais uma vez a questão da diferença aparece em O povo atrás do muro, de Marconi Loures, que constrói uma fábula pacifista na história de um povo que se acreditava único morador de um pequeno planeta. Ao vislumbrar outros seres, de cores e hábitos diferentes, sua providência imediata é isolar-se atrás de um muro. Igualmente sem diálogos, o curta apoia-se num eficiente trabalho de som, com trilha sonora original de Frederico Natalino.
Personagens inusitados povoam Docinhos, de José Maia e Frederico Pinto, que extrai sua originalidade de uma história romântica, com um toque de humor negro, entre um brigadeiro e um cajuzinho prestes a serem devorados numa festa infantil.
Neusa Barbosa*
Os oito curtas que será exibido dia 07 de junho no cine clube budega, revelam o alto nível alcançado pela animação brasileira, exibindo uma notável variedade de técnicas e estilos e uma enérgica disposição para abordar temas recorrentes nas histórias infantis sob uma nova roupagem.
Quatro deles elegem animais como personagens. Gilda e Gilberto, de Érica Valle, revisita a velha fábula do patinho feio, usando a técnica dos bonecos de massinha. Criada entre galinhas, a águia Gilda encara seu tamanho grande e olhos salientes como desvantagens até o dia em que assiste ao voo de uma pipa. Mas é a sagacidade do intelectualizado pintinho Gilberto, com seus óculos e amor aos livros, o que realmente estimula a decolagem de Gilda.
O tema da diferença retorna sob uma ótica inteiramente diversa em O veado e a onça, de Raquel Pedreira, cujo enredo parte da releitura de um conto popular brasileiro feita pela escritora Ana Maria Machado. Com cenários, personagens e fantoches de dobraduras de papel criados pela diretora, também artista plástica, o curta é povoado de animais tipicamente brasileiros. O conceito da astúcia como estratégia de sobrevivência na natureza substitui o bom-mocismo que tantas vezes contamina o universo politicamente correto, aqui superado na história de um veado forçado a dividir a casa com uma onça pintada.
Esperteza e teimosia é o que não faltam ao bode protagonista de Bartô, de Luiz Botosso e Thiago Veiga, trabalho que recorre a muito humor e técnica 3D, além de dispensar os diálogos, para elaborar uma engenhosa fábula ecológica. Sérgio Veiga assina a eficiente trilha sonora que embala sem palavras a batalha incansável do bode contra um lenhador obcecado em derrubar a última árvore do planeta – ela mesma dona de um jogo de cintura digno de um ninja.
A mesma persistência, sem a mesma sorte, define outro animal, o astro de Calango!, de Alê Camargo. Resultado de curso de animação em Brasília, o curta faz uso eficiente da técnica 3D e da música (incluindo “Brasileirinho”, de Valdir Azevedo, e “Entardecendo”, do mestre Macaúba) para desenvolver a rocambolesca perseguição de um esfomeado calango praieiro a um grilo bem apegado à própria vida.
Mais uma vez a questão da diferença aparece em O povo atrás do muro, de Marconi Loures, que constrói uma fábula pacifista na história de um povo que se acreditava único morador de um pequeno planeta. Ao vislumbrar outros seres, de cores e hábitos diferentes, sua providência imediata é isolar-se atrás de um muro. Igualmente sem diálogos, o curta apoia-se num eficiente trabalho de som, com trilha sonora original de Frederico Natalino.
Personagens inusitados povoam Docinhos, de José Maia e Frederico Pinto, que extrai sua originalidade de uma história romântica, com um toque de humor negro, entre um brigadeiro e um cajuzinho prestes a serem devorados numa festa infantil.
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