terça-feira, 28 de junho de 2011
domingo, 26 de junho de 2011
Sargento Getúlio e Novembrada
Sargento Getúlio e Novembrada
Em sua estréia no longa-metragem, o diretor Hermano Penna toma como base o premiado romance Sargento Getúlio, de João Ubaldo Ribeiro. Consagrado nos festivais de Gramado e Locarno, na Suíça, o filme é ambientado na década de 1940 e promove uma reflexão sobre o poder político e as relações entre o opressor e o oprimido. Destaque para a elogiada interpretação de Lima Duarte, ator presente também no curta Novembrada, que reconstitui uma manifestação popular contra a presença do presidente militar João Figueiredo, ocorrida em novembro de 1979 em Florianópolis.
Crítica
Pela honra e o livre arbítrioLuiz Joaquim da Silva Jr.*
Talvez seja um exagero dizer que ele é uma espécie de Hamlet do sertão nordestino mas, sob uma ótica existencialista, quando o sargento Getúlio ? personagem criado em 1971 em romance homônimo, por João Ubaldo Ribeiro ? a certa altura se pergunta: ?levo ou não levo??, é à própria consciência que ele pede socorro. E tal qual o príncipe dinamarquês na peça de Shakespeare, quando diz ?ser ou não ser??, Getúlio está querendo examinar a validade de suas ações e também a legitimidade do livre-arbítrio e, principalmente, de sua honra.
Levado ao cinema 12 anos depois pelas mãos de Hermano Penna, Sargento Getúlio, o filme, traz Lima Duarte encarnando de forma visceral o personagem título. O seu ?levo ou não levo?? diz respeito à ordem que recebeu de um superior para, literalmente, arrastar de Paulo Afonso (BA) até Aracaju (SE) um preso político.
Mais correto é dizer que Getúlio não titubeia em cumprir a ordem. Como fiel militar que é, não examina a consciência antes de executá-la. Obedece apenas. Seu drama surge quando o que lhe parece simples e correto (obedecer a ordem) vira de ponta-cabeça com a reviravolta política que transcorre na capital sergipana. Antes de lá chegar, Getúlio escuta, desconfiado, de terceiros, que seu chefe, pressionado pela imprensa e por ordem superiores, manda libertar o prisioneiro.
Acompanhado apenas por seu motorista, Amaro (Orlando Vieira, excelente), Getúlio reflete sozinho sobre a novidade pensando: ?Eu não gosto que o mundo mude. Me dá uma agonia. Eu não consigo entender as coisas direito?.
A inspiração para a criação do sargento Getúlio veio a Ubaldo de um personagem real de Aracaju, na década de 1940 ? tempo e lugar onde o escritor viveu até os dez anos. O personagem é, assim, um remanescente do coronelismo. Getúlio é uma espécie de jagunço, fiel e inocente, que vê seu mundo desabar quando a lógica rústica que guiou para sua vida é abalada. Tragicamente agarrado à honra, ele decide ir até o fim, mesmo que isso o conduza à morte.
Com o então jovem fotógrafo Walter Carvalho empunhando uma câmera 16mm (o que facilitava a captação das imagens de luta e a mobilidade pelo cenário sertanejo), Penna conseguiu dar ao filme a mesma sensação de urgência por uma reação que também perturbava a cabeça do sargento.
O filme ganhou o título de melhor filme no Festival de Gramado em 1983, assim também como Duarte e Oliveira levaram os Kikitos de ator e coadjuvante. Penna deve muito ao Duarte. Aqui, sua combinação de virulência masculina e fragilidade humana desenham uma espécie de ?planta baixa? mental do homem simples do Nordeste.
No ano em que foi lançado, Sargento Getúlio podia dar margens a outras leituras. Era a época da abertura política e o Brasil começava a acenar para a redemocratização ? o que significaria retrabalhar radicalmente, tanto da parte do povo quanto das autoridades, a maneira de enxergar e lidar com o poder no País.
O curta-metragem Novembrada, ajuda a ilustrar essa transformação. Rodado em 1998 por Eduardo Paredes (também premiado em Gramado), relata, entre o cômico e o deprimente, a manifestação popular ocorrida em Florianópolis (SC), em 1979, quando nosso último dos generais-presidentes, João Baptista Figueiredo (também Lima Duarte), esteve ali para uma cerimônia corriqueira.
Reprimidos violentamente, os manifestantes viraram ícones do legítimo desejo de expressar seu pensamento político num país cansado da repressão. E como diz o próprio curta, foi a força do movimento que ajudou a ?pôr fim a campanha populista que pretendia dar sobrevida ao antigo regime?.
*Crítico de cinema do jornal Folha de Pernambuco, curador do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e professor da Especialização em Cinema da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).
E Fez-se a Música
... E Fez-se a Música Três filmes sobre criatividade musical em Minas Gerais, em Pernambuco e na Bahia que reúnem o erudito e o popular, em demonstração da riqueza cultural da miscigenação brasileira. Em "Uakti - Oficina Instrumental" ruídos captados na natureza somam-se a instrumentos inusitados para a produção de sons pelo grupo mineiro Uakti. Rafael Conde, em seu primeiro filme, capta a sutileza da invenção e as filigranas artesanais de Marco Antonio Guimarães e sua equipe. "Fuloresta do Samba" proclama na Holanda e na França que “o maracatu da gente é o nosso rock-and-roll”. A câmera de Marcelo Pinheiro acompanha em detalhes pitorescos as andanças do grupo pela Europa, mas a montagem recupera as raízes do samba de rua, no agreste pernambucano. "Diário de Naná" (SP) acompanha a viagem do percussionista Nana Vasconcelos pelo Recôncavo Baiano “em busca da música do sagrado e do sagrado da música”. O filme é sucessão de recortes de imagens, sons da natureza, percussão, encontros com mães de santo, prazer e alegria à flor da pele
segunda-feira, 20 de junho de 2011
O CORINTIANO
O Corintiano
Mais do que um filme sobre futebol,O corintiano é um filme sobre paixões arrebatadoras. Nesta 19ª obra estrelada por Mazzaropi, que o Cineclube Budega vai exibir nesta terça dia 21 de jenho as 19:30 H, o eterno Jeca Tatu, o ator encarna o personagem Manuel, um barbeiro corintiano fanático, turrão e antipalmeirense, capaz de loucuras impensáveis, que incluem brigas, insultos e promessas a São Jorge ou a qual quer santo que lhe dê crédito. Dirigido por Milton Amaral em 1966, e divulgado como “uma comédia que agrada a todas as “torcidas”, o longa-metragem mostra como o futebol é a razão de viver de Manuel. Logo no início, ele ganha um burro preto-e-branco em uma rifa, e então começam as rixas com os vizinhos, os filhos e a mulher. Ninguém escapa do fanatismo de Manuel, especialmente os vizinhos de ascendência italiana — todos eles palmeirenses. O elenco inclui, além do comediante Totó, uma das torcedoras-símbolo do Corinthians, Dona Elisa. Em meio aos estereótipos das torcidas de futebol, que já provocam boas risadas, a atuação impagável de Mazzaropi vem carregada de informações sobre o futebol paulistano
Mais do que um filme sobre futebol,O corintiano é um filme sobre paixões arrebatadoras. Nesta 19ª obra estrelada por Mazzaropi, que o Cineclube Budega vai exibir nesta terça dia 21 de jenho as 19:30 H, o eterno Jeca Tatu, o ator encarna o personagem Manuel, um barbeiro corintiano fanático, turrão e antipalmeirense, capaz de loucuras impensáveis, que incluem brigas, insultos e promessas a São Jorge ou a qual quer santo que lhe dê crédito. Dirigido por Milton Amaral em 1966, e divulgado como “uma comédia que agrada a todas as “torcidas”, o longa-metragem mostra como o futebol é a razão de viver de Manuel. Logo no início, ele ganha um burro preto-e-branco em uma rifa, e então começam as rixas com os vizinhos, os filhos e a mulher. Ninguém escapa do fanatismo de Manuel, especialmente os vizinhos de ascendência italiana — todos eles palmeirenses. O elenco inclui, além do comediante Totó, uma das torcedoras-símbolo do Corinthians, Dona Elisa. Em meio aos estereótipos das torcidas de futebol, que já provocam boas risadas, a atuação impagável de Mazzaropi vem carregada de informações sobre o futebol paulistano
domingo, 5 de junho de 2011
Budeguinha
A animação brasileira vive um momento de grande expansão. E as maiores beneficiadas são as crianças. Por ter uma linguagem extremamente lúdica, a animação é usada para divertir e ensinar.pensando nisso o Cineclube Budega exibe os 8 curtas inafantil estes curtas proporcionam às crianças o contato com a cultura de diversas partes do Brasil, revelando seus sotaques e costumes. Muita cor, ação, humor, música, poesia, política e amor fazem parte deste programa, que tem personagens inusitados, como um camaleão faminto, uma águia, um brigadeiro – o docinho! (chamado de negrinho pelos gaúchos) –, uma bruxinha baiana, um veado e uma onça, o vento, uma pequena multidão e um bode (que, com muita determinação, consegue salvar uma árvore de ser cortada). Imperdível!
Crítica
Animações que superam as palavras
Neusa Barbosa*
Os oito curtas que será exibido dia 07 de junho no cine clube budega, revelam o alto nível alcançado pela animação brasileira, exibindo uma notável variedade de técnicas e estilos e uma enérgica disposição para abordar temas recorrentes nas histórias infantis sob uma nova roupagem.
Quatro deles elegem animais como personagens. Gilda e Gilberto, de Érica Valle, revisita a velha fábula do patinho feio, usando a técnica dos bonecos de massinha. Criada entre galinhas, a águia Gilda encara seu tamanho grande e olhos salientes como desvantagens até o dia em que assiste ao voo de uma pipa. Mas é a sagacidade do intelectualizado pintinho Gilberto, com seus óculos e amor aos livros, o que realmente estimula a decolagem de Gilda.
O tema da diferença retorna sob uma ótica inteiramente diversa em O veado e a onça, de Raquel Pedreira, cujo enredo parte da releitura de um conto popular brasileiro feita pela escritora Ana Maria Machado. Com cenários, personagens e fantoches de dobraduras de papel criados pela diretora, também artista plástica, o curta é povoado de animais tipicamente brasileiros. O conceito da astúcia como estratégia de sobrevivência na natureza substitui o bom-mocismo que tantas vezes contamina o universo politicamente correto, aqui superado na história de um veado forçado a dividir a casa com uma onça pintada.
Esperteza e teimosia é o que não faltam ao bode protagonista de Bartô, de Luiz Botosso e Thiago Veiga, trabalho que recorre a muito humor e técnica 3D, além de dispensar os diálogos, para elaborar uma engenhosa fábula ecológica. Sérgio Veiga assina a eficiente trilha sonora que embala sem palavras a batalha incansável do bode contra um lenhador obcecado em derrubar a última árvore do planeta – ela mesma dona de um jogo de cintura digno de um ninja.
A mesma persistência, sem a mesma sorte, define outro animal, o astro de Calango!, de Alê Camargo. Resultado de curso de animação em Brasília, o curta faz uso eficiente da técnica 3D e da música (incluindo “Brasileirinho”, de Valdir Azevedo, e “Entardecendo”, do mestre Macaúba) para desenvolver a rocambolesca perseguição de um esfomeado calango praieiro a um grilo bem apegado à própria vida.
Mais uma vez a questão da diferença aparece em O povo atrás do muro, de Marconi Loures, que constrói uma fábula pacifista na história de um povo que se acreditava único morador de um pequeno planeta. Ao vislumbrar outros seres, de cores e hábitos diferentes, sua providência imediata é isolar-se atrás de um muro. Igualmente sem diálogos, o curta apoia-se num eficiente trabalho de som, com trilha sonora original de Frederico Natalino.
Personagens inusitados povoam Docinhos, de José Maia e Frederico Pinto, que extrai sua originalidade de uma história romântica, com um toque de humor negro, entre um brigadeiro e um cajuzinho prestes a serem devorados numa festa infantil.
Neusa Barbosa*
Os oito curtas que será exibido dia 07 de junho no cine clube budega, revelam o alto nível alcançado pela animação brasileira, exibindo uma notável variedade de técnicas e estilos e uma enérgica disposição para abordar temas recorrentes nas histórias infantis sob uma nova roupagem.
Quatro deles elegem animais como personagens. Gilda e Gilberto, de Érica Valle, revisita a velha fábula do patinho feio, usando a técnica dos bonecos de massinha. Criada entre galinhas, a águia Gilda encara seu tamanho grande e olhos salientes como desvantagens até o dia em que assiste ao voo de uma pipa. Mas é a sagacidade do intelectualizado pintinho Gilberto, com seus óculos e amor aos livros, o que realmente estimula a decolagem de Gilda.
O tema da diferença retorna sob uma ótica inteiramente diversa em O veado e a onça, de Raquel Pedreira, cujo enredo parte da releitura de um conto popular brasileiro feita pela escritora Ana Maria Machado. Com cenários, personagens e fantoches de dobraduras de papel criados pela diretora, também artista plástica, o curta é povoado de animais tipicamente brasileiros. O conceito da astúcia como estratégia de sobrevivência na natureza substitui o bom-mocismo que tantas vezes contamina o universo politicamente correto, aqui superado na história de um veado forçado a dividir a casa com uma onça pintada.
Esperteza e teimosia é o que não faltam ao bode protagonista de Bartô, de Luiz Botosso e Thiago Veiga, trabalho que recorre a muito humor e técnica 3D, além de dispensar os diálogos, para elaborar uma engenhosa fábula ecológica. Sérgio Veiga assina a eficiente trilha sonora que embala sem palavras a batalha incansável do bode contra um lenhador obcecado em derrubar a última árvore do planeta – ela mesma dona de um jogo de cintura digno de um ninja.
A mesma persistência, sem a mesma sorte, define outro animal, o astro de Calango!, de Alê Camargo. Resultado de curso de animação em Brasília, o curta faz uso eficiente da técnica 3D e da música (incluindo “Brasileirinho”, de Valdir Azevedo, e “Entardecendo”, do mestre Macaúba) para desenvolver a rocambolesca perseguição de um esfomeado calango praieiro a um grilo bem apegado à própria vida.
Mais uma vez a questão da diferença aparece em O povo atrás do muro, de Marconi Loures, que constrói uma fábula pacifista na história de um povo que se acreditava único morador de um pequeno planeta. Ao vislumbrar outros seres, de cores e hábitos diferentes, sua providência imediata é isolar-se atrás de um muro. Igualmente sem diálogos, o curta apoia-se num eficiente trabalho de som, com trilha sonora original de Frederico Natalino.
Personagens inusitados povoam Docinhos, de José Maia e Frederico Pinto, que extrai sua originalidade de uma história romântica, com um toque de humor negro, entre um brigadeiro e um cajuzinho prestes a serem devorados numa festa infantil.
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