segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Seu Chico





Meu, nosso e Seu Chico



Contrariando as mais pessimistas predições sobre bandas independentes, sete jovens de Recife reproduzem, recriam e improvisam o, por muitos considerado, maior poeta do Brasil. A banda, apesar de manter as harmonias originais, dá um novo formato às palavras de Chico Buarque cada vez que sobem no palco. A mistura fica evidente nas imagens iniciais do DVD “Tem Mais Samba”. Rio de Janeiro e Recife são colocadas lado a lado para mostrar que, no show, Chico fala, mas quem canta é Seu Chico.
Quando os integrantes sobem no palco, a intimidade com seus instrumentos e a paixão pelo fazer música fazem valer sua crença, quando dizem que ela é “a melhor e mais eficiente comunhão que existe no mundo”. A banda, hoje, é formada por Tibério Azul na voz, Vitor Araújo no piano, Bruno Cupim, Amendoim e Negro Grilo na percussão, Vinícius Sarmento e Rodrigo Samico no violão.
O show é cheio de surpresas e sotaques. Enquanto Tibério faz uma ode ao samba-raíz com “Quem te viu, quem te vê”, Vitor Araújo entra lembrando Paranoid Android de Radiohead. Depois, com o mais improvável dos pout-pourris, o tom é de nostalgia quando o piano inicia Lia de Itamaracá seguido de “Samba do grande amor”. Como se não fosse o bastante, Vitor me deixa em prantos com a mais apaixonada, profunda e entregue performance musical que eu já assisti fazendo o solo “La Valse D’Amelie”.
Não sei se é intencional, e prefiro acreditar que sim, mas a música que finaliza o show e que mais marca a banda é justamente a que Chico compôs com outra identidade (Julinho de Adelaide, devido a marcação sofrida nos anos de chumbo) – “Jorge Maravilha” virou um símbolo da banda, pela forma como une entretenimento e arte, por se prestar à apreciação e à dança” disse a banda em entrevista ao “O Globo”.
Hoje o grupo já se apresentou com cantores consagrados como Lenine, Maria Rita,  Manu Chao, Simone e Arnaldo Antunes. Com Chico ainda não cantaram, mas, durante a gravação do DVD, tiveram a chance de passar uma tarde de conversa e futebol com e contra seu ídolo. Quando a Band, em entrevista, perguntou a Tibério Azul se eles eram amigos, ele respondeu: “Será que se eu disser que sim ele nos convida de novo? Bem, na verdade somos amigos íntimos, só ele que ainda não percebeu.”
Se é a mistura de pop e samba, a revitalização de grandes canções ou a espontaneidade do grupo a chave para o sucesso e excelência do grupo, é um mistério.  Seu Chico é transcedente deporquês, mas faz o que promete quando diz, em meio a samba e amor, que “fazer música é eliminar o ruído entre a alma e o corpo.”

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